Saturday, January 21, 2006

Sexta-feira 13

Ele a conheceu por acaso. Na casa de uma amiga em comum. A amiga disse que não devia olhar para o moreno. Podia ser bonitão mas era mulherengo. Ela deveria conhecer Jimmy. Branco hospitalar, loiro. Parecia tudo com que sonhara, ainda com uma situação financeira confortável , carro e tudo que ela pudesse escolher. Jimmy era o homem na fita. Mas os olhos de ambos se encontraram. Tanto ele e ela não seriam mais os mesmos. Quando ele olhou para ela, pequena, com seu cabelo louro com luzes, seus olhos castanhos e sua seriedade excessiva, sabia que ela era e seria seu único amor. Parece uma fábula mas foi o que ele sentiu. Ela o olhou, e riu quando ele pediu seu telefone. Achou que era apenas um rapaz metido. Alto, com seu traje parecendo um skater, com seu boné do Taz e seu cavanhaque grunge. Mas deu. E na segunda ele ligou.
Buscou-lhe na segunda-feira. Era outro homem, com cabelos curtos sem barba, camisa por dentro das calças e usando sapato (fatos, segundo dizem incríveis até hoje em dia, depois de passados doze anos. Foi uma primeira conversa difícil, pois ele era muito expansivo e ela resguardada. Ele um garotão (dizem que apesar do excesso de peso, ainda parece um) e ela uma jovem senhora, muito séria e pouco alegre.

Ficou com ela até que sua aula acabasse (ela entrou assistiu, saiu no intervalo e fiaram conversando). Com isso ele conseguiu levá-la a uma festa sábado. Se preparou com muito jeito. Levou a irmã mais nova e umas amigas para impressionar a moça séria. Buscou no metrô (não tinha carro na época, mas já era dotado do fascinante bom humor que lhe era peculiar). Ao chegarem no clube, a irmã dele e suas amigas, rapidamente dispersaram, os deixando a sós. Logo estavam se beijando, e ela se impressonou com suas palavras bem articuladas, e sua destreza e coragem, quando disse o que sentia. Não havia bebido nada, e isso a impressionava mais ainda. No final da noite, param num bar perto do clube da cidade, onde ele comprou uma cerveja e a olhou profundamente. Ele sentiu aquele arrepio particular, próprio das coisas que parecem escritas, e sem pensar falou:
-Você vai me achar louco, mas tenho presentimentos que normalmente acontem, e...Bem, estou envolvido com cinco garotas, algumas casadas e outras até sozinhas, mas estou largando todas para ficar com você. Por que sinto que é minha mulher, aquela que vai ser realmente mãe dos meus filhos.
Ela riu. Jamais pensou que um louco diria aquilo para ela. Falou para ele que eles nem se conheciam, que como, poderia ele estar apaixonado por ela? Ou amá-la?
-Só direi que amo você no tempo certo. Gastei em vão muito tempo essa palavra. E agora só direi ela com muita certeza.
Ela nunca acreditou nele. Quando noivaram três anos depois, depois de muito tempo de ele dizer que "Sentia um grande afeto por ela". Ele disse então que a amava. Ela ainda não acreditava no casamento e no que ele profetizara.
Hoje, doze anos depois, oito anos casados, com uma filha, todo dia ele fala do seu amor para ela. E que parece que é como naquela primeira noite, que incrivelmente era, uma sexta-feira treze.