Monday, November 24, 2008

Andarilho

Vagava sozinho com meus pensamentos. Minha barba era longa, meu cabelo longo. Me sentia um messias perdido em meus devaneios profundos. Não enxergava mais como no passado. Sabia que meu caminho não tinha volta e o excesso da certeza imprecisa que eu possuía de nada me valia mais. As ruas eram desertas, e não era um sonho de olhos abertos ou meu próprio céu de baunilha em Barcelona. Estava numa simples e deserta rua, enterrado em algum cantos da pequena Canoas, e não tinha mais para onde vagar.
O tempo que passara, poderiam ser séculos, pois perdera a total noção de infinito, e só sabia sobre a seca em minha garganta e os dias difíceis que passaram a sei lá quanto tempo. Vagava num limbo que perdera a dimensão. Num deserto que não pudera mais entender. Meu coração doía na solidão, meu corpo doía e os olhos ardiam sobre lágrimas que um dia foram de medo, mas hoje mais que nunca eram solidão.
Não entendia o vazio, nem o fim da existência.
Só sabia do mal existente no coração humano. Estava terminando com a fé no caminho, mas mesmo assim, o andarilho sempre seguia, mesmo sem sentido, nem direção. Ele sempre seguia.

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