Monday, December 10, 2007

O arquiteto

É a música do instante. Tenho visto tanto que meus olhos ardem com imenso cansaço de quem chegou tão longe nesta jornada. Não me lembro de quando era mais novo. Já me esqueci da época que bebia na fonte do desejo e até me banhava nela, esquecendo que o ardor se torna mais um pecado durante a paixão e que consome mais que tudo e raramente se torna amor.
Tenho quase 100, e criei um mundo novo no meu passado, criei um futuro que hoje é presente e foi maculado pelo povo que jaz aqui. Sou como Santos Dumont que criou o invencível e talvez o impossível e que é usado para diferentes fins, vários deles que ele detestava, e por isso amargurou até o fim. Hoje a cidade definitiva está tomada por piratas, não no sentido poético que eu acredito, mas no sentido de mercenários que aportaram por lá sugam todas nossas reservas. Poderia me sentir amargurado por usarem mal uma criação, mas ainda sinto o infinito e crio sempre mais do que as entrelinhas.
Vivo a poesia em minhas mãos e me sinto livre por isso, me sinto livre por todas as épocas que vivi, e me sinto vivo no que eu criei.

Obrigado artista.
15/12/07
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares